BLOG DO ANDRÉ RUBIO: A LÓGICA DE "EL LOCO"

Sim, mais uma vez deu a lógica. O Brasil venceu o Chile pelas oitavas de final e avançou na competição. O que esta longe de ter alguma lógica é uma equipe fraca tecnicamente, principalmente em sua defesa como é a equipe do Chile, atacar e se abrir da forma como se abriu frente à seleção brasileira.

“El Loco” honrou mais uma vez seu apelido, e "suicidou" todos os sonhos chilenos. Como bom técnico que é, preferiu perder o jogo a mudar seus princípios sempre ofensivos. Optou por atacar ao invés de se defender e contrariar toda filosofia que implantou na melhor seleção chilena dos últimos tempos.

Ele não fez a lógica, e não repetiu o que 99% dos técnicos dessa copa fariam em sua pele. Não se fechou contra os pentacampeões. Bielsa foi corajoso, e como de costume, quis tratar o Brasil de igual para igual. De novo... caiu.

Seu time se arriscou, ousou, e pagou caro por isso.

Os 3 gols desse jogo somaram aos outros 20 que o Brasil já tinha feito no Chile em seus últimos 5 jogos. Em todas essas partidas a equipe que já teve SALAS e ZAMORANO no seu ataque, usou da mesma tática "suicida", e acabou goleada. Resultado: 3 a 0 Brasil, fora o baile, como diriam os torcedores mais fanáticos.

Mas não foram apenas os erros chilenos que deram ao Brasil a vitória.

Dunga mostrou de novo competência. Armou um time rápido e equilibrado, veloz na transição, com Ramires no meio campo. Pode se dizer também que o fator sorte esteve ao lado do técnico brasileiro com o “reforço da contusão" de Felipe Melo. Sem seu volante preferido o técnico teve que alterar a forma de seu time atuar, e acertou em cheio ao optar por Ramires.

Os 3 a 0 se construíram em função de defeitos chilenos e das virtudes brasileiras.

O Chile mostrou uma boa movimentação no ataque, o que inclusive forçou Maicon a atuar como um lateral defensivo como ainda não havia acontecido na copa.

O que acabou complicando para o time de Bielsa foi a sua vulnerável defesa. O time não teve o poderio ofensivo necessário para furar a “melhor defesa do mundo” como vem sendo chamada a defensiva brasileira.

Júlio César fez uma única intervenção "difícil" em todo o jogo. Mais uma prova da superioridade do Brasil. O Chile atacava, não passava por Gilberto Silva (que fez sua melhor partida na Copa) e muito menos pela dupla Lúcio e Juan.

Com um meio campo bem equilibrado o Brasil desarmava os chilenos e armava seus contra golpes com muita velocidade. Desde o começo da partida ficou claro que não demoraria muito para o time de Dunga abrir o placar e mandar no jogo.

Depois do primeiro tento, numa cabeçada do melhor em campo em minha opinião, o zagueiro Juan, o jogo praticamente acabou.

Sem forçar, o Brasil logo fez o segundo, e na segunda etapa depois de um arranque a “la Kaká”, Ramires deixou Robinho de frente com o fraco goleiro chileno para matar a partida.

Assim como os mexicanos que vinham fazendo um bom mundial e caíram frente a Argentina (que ainda não me conquistou pela falta de consistência em sua defesa), os chilenos de Bielsa “JOGARAM COMO NUNCA, E PERDERAM COMO SEMPRE”.

Mais uma vez esperava-se mais de Kaká. Afinal no jogo de hoje, ele teve o tão pedido “espaço para jogar”. Espaço esse que ficará cada vez menor daqui pra frente na África do Sul.

Kaká até que esboçou algumas de suas jogadas nos contra ataques oferecidos pelos chilenos. Mas ainda está abaixo de seu melhor. Talvez em virtude do físico ainda não recuperado.

É complicado dizer, mas acho que Robinho ficou devendo um pouquinho. Ele levou o premio da FIFA como melhor em campo é verdade, mas o achei muito preso ao meio, caindo quase nunca pelas laterais onde sempre se dá melhor. Com o gol que fez no jogo, o santista se iguala a Pelé como maior carrasco chileno em copas.

Pra quem gosta de coincidências, mais uma vez, quatro anos depois o Brasil vence nas oitavas por 3 a 0.

E de novo como também há quatro anos temos pela frente um time europeu que não vem sendo muito badalado nessa copa. Em 2006 perdemos para uma França que havia caído na primeira fase de 2002, e em função disso jogava aquela copa desacreditada. Vale lembrar que em 2006 esse time francês chegou a final, para ser derrotado pela Itália. Agora em 2010 nosso adversário será a forte e sempe perigosa Holanda.

Em 2006 o time de "quadrado mágico" de Parreira parou num time que jogava um futebol pouco vistoso, mas era muito bom nos contra-ataques principalmente em razão de seu camisa 10 e de seu atacante em grande fase. Aliás, aí esta outra coincidência.

Tudo bem que não se compara a genialidade de Zidane (o 10 da França que nos mandou pra casa em 2006) e Sneijder o 10 da laranja atual. Mas além de depender muito de seus meias, as equipes também se parecem por possuírem atacantes rápidos e decisivos (Henry em 2006 e Robben no mundial desse ano).

Espero que acabem por aí as coincidências. A Holanda de hoje tem um time equilibrado, com uma defesa muito bem postada, mas que assim como o Brasil nessa copa, ainda não jogou contra um adversário a altura. A laranja sabe se defender e também contra atacar com muito eficiência.

Isso tudo aliado a uma rivalidade criada entre os dois países nas copas, (Holanda venceu em 74, e Brasil em 94 e 98) nos faz pensar que teremos um jogo muito parelho e disputado nos detalhes entre Brasil e Holanda, valendo pelas quartas de final dessa copa.

Time por time o Brasil ganha alguns pontos pela qualidade de sua defesa. Mas terá pela frente um Sneijder em grande fase, além de Robben que será sem dúvida o grande pesadelo do contestado Michel Bastos, até a próxima sexta-feira.