sábado, 3 de maio de 2014

O GÊNIO LUIZ ANTONIO PRÓSPERI FALA O QUE PENSA SOBRE A COPA DO MUNDO, UM PRATO CHEIO A QUEM APRECIA O BOM JORNALISMO...


Desde que iniciei o projeto do Blog procuro dividir com leitores informações e opiniões que considero importantes.

Seja com uma crônica ou uma simples notícia para informar os que por aqui começam a se acostumar a passar a fim de ver algo "diferente" de outros sites de notícia.

Essa pra mim deve ser a missão de um Blog pessoal como esse. Associar a qualidade da opinião e da informação aqui postada com a imagem e a personalidade de quem escreve.

Nesse papel de "jornalista" que hoje faço por aqui, sempre admirei o trabalho de alguns grandes nomes do jornalismo que temos no país. E hoje de manhã me deparei com o encontro de dois deles...

O incisivo e inteligente Cosme Rímoli (a que muitos já me compararam pelo estilo de escrever, o que me deixa bastante feliz modéstia a parte) entrevistando o gênio Luiz Antônio Prósperi, responsável pelo inesquecível Jornal de Tarde que marcou época no jornalismo brasileiro.

Prósperi, atualmente no Estadão falou sua visão sobre a Copa do Mundo no Brasil dentre outros vários assuntos com Cosme, e ao ler as opiniões desse gênio descobri que elas dizem também muito do que penso, o que me deixou mais feliz ainda, por ver que estou no caminho certo...

Por isso reproduzo aqui o longo, mas necessário papo aos que como eu apreciam o bom jornalismo:



Ele consegue uma combinação rara.
Mistura os neurônios e a sobriedade do Estadão.
Carregando no peito, o coração ousado do extinto Jornal da Tarde.
Poderia estar à frente de um time de futebol.
Estudioso, sabe mais de estratégia do que muitos técnicos consagrados.
Fora o espírito firme, a liderança.
Ou se daria bem administrando uma equipe.
Tem conceitos modernos, sólidos de gerência esportiva.
Mas preferiu usar todos esses talentos para o jornalismo.
Com 30 anos de carreira, Luiz Antônio Prósperi é um dos melhores do país.
Coordenador de esportes do Estado de São Paulo.
Foi sob sua responsabilidade que o lado esportivo do jornal se transformou.
Acabou com a diagramação e os textos previsíveis.
A sisudez característica do Estadão foi embora.
Pura inspiração no JT.
Isso sem perder a responsabilidade da apuração.
A alma de repórter observador, arguto, contestador, segue firme.
Por isso a exigência com os textos, notícias exclusivas.
Assim comandará a cobertura da Copa de um dos mais importantes jornais do País.
Fazendo questão de estar no dia-a-dia da Seleção Brasileira.
Apurando, buscando matérias.
Não nasceu para a burocracia, fazer política em uma redação de jornal.
É do front.
Posso escrever com propriedade porque o conheço há 27 anos.
Repartimos coberturas pelo mundo por mais de duas décadas.
Revolucionou o JT mesmo antes de ser editor.
Lançou cadernos, tendências seguidas pela concorrência.
É um das pessoas que mais entende de jornal no país.
Foi estranho, mas necessário fazer essa matéria.
Esquecer o grande amigo e ver apenas o coordenador de esportes.
Profissional que terá mais de 50 profissionais sob seu comando.
O compromisso de que terá representando o Estadão na Copa.
E tentar extrair os seus conceitos.
Ao final da entrevista, sabemos que cada um exerceu seu papel.
Prósperi jantou com Dilma Rousseff no início da semana.
Além de falar de cobertura, ele mostrou os olhos da presidente.
A sua instável relação com a Copa do Mundo.
Luiz esclareceu a disputa com a Folha, eleição presidencial, Seleção, Neymar.
Falou sem medo o que pensa sobre o falido futebol brasileiro, Felipão, Marin.
Sempre firme nas suas convicções.
Mostrou aqui apenas um pouco do grande jornalista que é...
Prósperi, como foi esse encontro com a Dilma? Ela queria a garantia que os grandes jornais do País apoiem a Seleção na Copa do Mundo?

O encontro foi muito acima da nossa expectativa. Nós, editores de Esporte dos principais jornais e redes de TV (aberta e fechada) do País, fomos convidados para um jantar com a presidente Dilma. 

Em princípio seria para debatermos a Copa no Brasil em todos seus aspectos. Evidente que não discutiríamos com a presidente os erros e acertos de Felipão com a seleção. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação Social do governo), o jantar seria das 19h30 às 21h30 na segunda-feira, dia 28. Mas, para surpresa de todos nós, virou uma grande entrevista que se estendeu até 1h30 da madrugada de terça-feira, dia 29. 

Foram quase cinco horas de conversa/entrevista A Dilma, muito animada e simpática, fez uma defesa interessante do seu governo, dos investimentos na Copa, da sua expectativa para a Copa, das eleições, da economia do Brasil e do mundo e até falou de assuntos reservados de sua família e do seu dia a dia no trabalho e horas de lazer no Palácio do Alvorada, como retratamos na edição de terça-feira, dia 29, no Estadão e no portal estadao.com.br. 

Ela não se furtou a responder a nenhuma das nossas perguntas que, em alguns momentos, foram bem duras. Em nenhum momento ela pediu apoio à Seleção Brasileira. Só no final da conversa, ela fez dois pedidos: que a imprensa esportiva defendesse a Copa como um marco para o futebol brasileiro e a aderisse à campanha contra o racismo.
O que mais chamou a sua atenção neste encontro?
A sinceridade da presidente ao explicar as conquistas e dificuldades do governo com as políticas públicas e a sua disposição em ouvir as sugestões dos editores para a melhoria no futebol e no esporte em geral no Brasil. 
Tivemos acesso a muitos dados e projetos do governo que não costumam aparecer na mídia em geral. Aliás, em nenhum momento ela se queixou da imprensa.
Qual a importância que a Dilma dá para a vitória do Brasil na sua reeleição?
Sinceramente, ela não se ilude que possa tirar benefício com uma eventual conquista da Copa pelo Brasil. Ela disse assim: 'O Brasil poder ser campeão e eu não ser reeleita e também eu posso ser reeleita e o Brasil não ser campeão. 
Acho que não ajuda e também não prejudica.' Mas, ela disse com todas as letras que vai torcer muito pela seleção brasileira e pelo Felipão, que ela se declarou fã absoluta. A Dilma entende que sua reeleição não tem relação direta com o destino da seleção na Copa.
Ela imaginava que a imagem do Brasil seria tão atacada por sediar o Mundial?
Não imaginava e revelou que se surpreendeu com as manifestações de junho na Copa das Confederações. Se mostrou indignada com o cerco ao ônibus da seleção italiana em Salvador e prometeu uma segurança absurda a todas as delegações na Copa. Repetiu a frase com ênfase: "Ninguém vai encostar a mão nas seleções". 
A presidente está preocupada com a imagem externa do Brasil. Mas detectou que os ingleses são os que pegam mais pesado com a Copa e com o Brasil. Ela tem certeza de que os ingleses queriam muito sediar a Copa de 2014, daí as críticas. 
A preocupação dela nem é com as críticas à organização da Copa e sim com o que pode acontecer com as delegações, torcedores e chefes de Estado, daí investir uma fábula em segurança.

Como ela explica o país com tantos problemas organizar a Copa mais cara de todos os tempos?
Ela não tocou nesse tema. A meu ver, essa é uma discussão oportunista. De repente, todos os males do Brasil seriam resolvidos se o País não tivesse recebido a Copa. Parece que o custo da Copa, algo em torno de R$ 30 bilhões, foi um gasto inútil ao Brasil, que não era preciso gastar esse dinheiro com o evento.

De repente, todo mundo virou especialista em gastos públicos. Veja o caso da Educação e da Saúde. Muitos dizem que o Brasil deixou de investir na Educação e Saúde para investir em estádios. Não é verdade. 
Desde 2007, quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa, o governo investiu R$758 bilhões em Educação e Saúde até o início de 2014 e os estádios vão custar cerca de R$ 10 bilhões. A Copa é a mais cara de todos os tempos até 2018 quando a da Rússia vai ser a mais cara e depois a do Catar. Tem sido assim ao longo da história e pelas exigências da Fifa, a verdadeira dona da Copa, que cada vez mais faz do evento uma fonte de receita sem precedentes. 
Em todas as Copas, e os dados estão na mesa para se consultar, não se registra uma alta no PIB (Produto Interno Bruto). Se investe 2,3% do PIB do País, o retorno é na mesma proporção. Aos que têm alguma dúvida, basta pesquisar como foram as Copas na África do Sul, Alemanha, Coreia do Sul e Japão, França...

O Mundial não muda a história de um país, mas também não o leva à falência.
Por medo de novas vaias, como na Copa das Confederações, ela não discursará na abertura?
Na entrevista, a presidente disse que não iria discursar por um pedido do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que ficou assustado com o que aconteceu na Copa das Confederações. Ela disse que se fosse obrigada, discursaria sem problemas. 
Disse que não tem medo de vaias e ressaltou que nenhum presidente, evidente, gosta de vaias. "As pessoas vão aos estádios para ver o jogo e não para ouvir discursos de governantes", disse a presidente. A conferir.
Você, como coordenador de esportes do Estadão, como vê esse Mundial? O que de bom trouxe ao país? E qual será o legado?
Quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa, até porque era candidato único depois de manobras políticas do Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) na Fifa, fiquei entusiasmado como um apaixonado pelo futebol que eu sou.

Imaginei o quanto seria interessante os torcedores brasileiros terem acesso aos estádios de primeiro mundo,aos grandes jogos, aos craques, ao contato com torcedores festeiros como ingleses, holandeses, mexicanos e por aí vai, e tudo de bom que uma Copa proporciona à maioria dos segmentos da sociedade, sem falar na mídia internacional que poderia desfrutar das coisas boas do Brasil. 
Todo aquele mundo que eu acostumei a ver nas outras Copas estaria presente no Brasil. Seria motivo de muita alegria. Isso, eu digo como torcedor e que tem nas veias uma paixão desmedida pelo futebol. Como jornalista, no caso agora coordenador e editor de Esportes do Estadão, entendi também que teria de ser vigilante com os desmandos quando as obras e organização da Copa viessem a público.

Não poderia descuidar dos passos da Fifa, dos cartolas pátrios, dos políticos e dos oportunistas. E desde 2007 tem sido assim. Sou daqueles entusiastas da Copa. Acho que o futebol brasileiro vai dar um salto extraordinário depois da Copa quando aprender que os novos estádios serão polos de desenvolvimento dos clubes.

Aliás, os estádios são o maior legado da Copa. Você, como eu, fomos há muitas Copas e vimos de perto que nem uma cidade-sede das Copas mudou da água para o vinho com a Copa. 
Lembra em Paris em 98 que nos hotéis e pontos turísticos havia alerta para que não se frequentasse determinados bairros da cidade por conta da violência? Na África do Sul, então nem se fala. Lembra que na Copa da Alemanha, colegas nossos de O Globo tiveram suas malas roubadas na saída do Aeroporto de Frankfurt, um dos mais elogiados do mundo? Falo tudo isso para dizer que problemas existiram, existem e vão existir em todas as sedes da Copa. 
Acho que a Copa, apesar de muita conversa e pouca denúncia concreta com desvios de dinheiro público, já chamou a atenção para o quanto nossas grandes cidades precisam de investimentos em mobilidade urbana. E tenho certeza que esse é o grande nó que nenhuma Copa consegue desatar. Não tenho a menor dúvida de que o maior legado são os estádios. 
O futebol, assim como o samba e carnaval, são patrimônios da cultura popular do povo brasileiro e merecem grandes equipamentos. Muita gente crítica os gastos com os estádios, mas ninguém fala o quanto as cidades gastam com sambódromos, que estão instalados na maioria das nossas cidades, desde aquelas com 80, 100 mil habitantes até as de 1 milhão a 10 milhões de habitantes. 
Acho justo que se construam sambódromos, é um bem para quem gosta de samba e carnaval, assim como defendo com unhas e dentes a construção e modernização dos estádios.
É a sua sétima Copa. Qual o seu sentimento quando pensa que o Brasil construiu 12 novas arenas? E mais de 70% de dinheiro público foi envolvido nesses estádios. Ricardo Teixeira jurou que não entraria um centavo que não fosse privado.

Outra hipocrisia, meu caro Cosme. Ninguém compraria um carro usado do senhor Ricardo Teixeira pelo conjunto da sua obra antes de o Brasil ser eleito sede da Copa e ainda mais depois da escolha da Fifa. Mas, de repente, temos de acreditar nas palavras dele de que não entraria um centavo que não fosse privado. Faça-me o favor. 
O "doutor Ricardo" é o paladino da verdade? Seu passado dava credibilidade para acreditar em suas palavras? E mais: dos 12 estádios selecionados para a Copa, apenas três são particulares (Arena Corinthians, Arena do Atlético-PR e o Beira-Rio do Internacional), os outros 9 eram e são todos do Estado. 
Como não investir dinheiro público em estádio que é público. Quem investiria? Podemos discutir se seriam necessários 12 estádios e não 8. Mas daí dar credibilidade ao Ricardo Teixeira porque ele falou que não teria dinheiro público nos estádios é pedir um pouco demais.

Outra coisa, pelo que estou informado, o dinheiro público nos estádios sai de uma linha de crédito do BNDES – R$ 420 milhões para cada estádio – para empréstimos e que terão de ser pagos de acordo com os contratos firmados. Se os contratos são longos ou não, é outra discussão. 
Se a gente acreditar que todo dinheiro público investido em estádios não vai voltar em honra aos contratos assinados, então é melhor arrumar a mala e ir embora. Os tribunais de contas dos diferentes governos (federal, estadual e municipal) estão aí para denunciar o mal-uso do dinheiro público e pedir a condenação dos responsáveis.

Não nos cobram respeito às instituições do País quando se fala, por exemplo, no STF com o tal "mensalão"? Então vamos cobrar os tribunais para que examinem as contas dos governos responsabilidade na hora de analisar os investimentos feitos nos estádios da Copa.
Ricardo Teixeira fora acabou sendo melhor para a imagem da Copa? Mas o Marin também não é uma figura questionável? Qual a diferença entre eles?
A saída do Ricardo Teixeira contribuiu, e muito, para a imagem da Copa. O problema é que o Ricardo não deixou uma boa herança. Basta ver quem são as peças principais do Comitê Organizador Local da Copa, o COL, a maioria delas ligadas ao Ricardo. Nada contra as pessoas, mas a maioria não estava preparada para tocar um evento desse porte. 
Faltou, a meu ver, uma maior afinidade entre governo e COL, um cabeça-de-chave para assumir a responsabilidade pela organização. Se você perguntar até mesmo para os nossos colegas de imprensa esportiva quem responde pela Copa no Brasil, a maioria, tenho certeza, não sabe a resposta.
 É a Dilma, o ministro Aldo Rebelo, o Ricardo Trade, presidente do COL, o Marin, o Lula...? Agora, voltando à questão do Teixeira e Marin, não vejo diferença entre eles. 
O primeiro era um cartola aprendiz que bebeu da fonte do sogro, o João Havelange, e se encaixou à perfeição à prática do negócio chamado futebol. O segundo é uma velha raposa acostumada a tomar conta do galinheiro.
Como você encarou a decadência de Ricardo Teixeira e João Havelange?
Na verdade, não vejo decadência. Um foi vencido pelos problemas de saúde e outro pela idade. Teixeira, ao que se sabe, se submeteu a um transplante de rins e vive muito bem obrigado em Miami. Liquidou seus grandes negócios no Brasil, mas ainda fatura alto com o futebol alimentado pelos seus tentáculos no Brasil e fora daqui, como a ligação com cartolas da Espanha, o indefectível Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona. 
Havelange caiu fora da Fifa e COI, assim como seu genro, quando surgiram as denúncias de propina da ISL. Pelo que consta os dois não foram presos e têm aval da Justiça e da Polícia Federal para entrarem e sair do Brasil.

Cadê a decadência? Só não estão na frente do negócio futebol, mas continuam influentes.
Como um jornal do peso do Estadão se preparou para cobrir esta Copa? O fato dela ter cobertura 24 horas da Globo, Sportv, ESPN e Fox não é um enorme adversário? Fora a Internet...
Essa Copa vai ser um marco para o Estadão. Pela primeira vez em uma Copa do Mundo o jornal vai investir pesado na Internet, no seu portal de notícias (estadao.com.br). Teremos uma ampla cobertura no digital que não deve deixar nada a desejar comparando com outros portais de notícias que são abastecidos pela equipe de jornal, não entram aí os portais especializados. 
Quanto ao impresso, vamos apostar muito em matérias especiais, exclusivas, análises com credibilidade e na experiência da equipe que tem vasta quilometragem de cobertura de Copas.
 Vamos cobrir o Mundial nas sedes e as grandes seleções com uma equipe de 40 profissionais, fora os colunistas convidados.
Qual o peso dos colunistas, da opinião na cobertura do Estadão no Mundial? Quem vocês já contrataram. Por que?
Já estamos com o time quase completo, mas por estratégia ainda não posso divulgar os nomes. Em breve, vamos apresentar como vai ser a nossa cobertura no impresso e digital e as novidades.
Qual a maior dificuldade de um grande jornal em cobrir a Copa no Brasil?
A dificuldade é a logística e não o conteúdo. Nas Copas fora do Brasil, enviámos a equipe, cobríamos bem as seleções e sedes e com boas matérias especiais. Não havia uma grande preocupação com obras, infraestrutura das cidades, estádios. 
Era mais bola. No Brasil, a cobertura tem de ser ampliada. Temos de olhar para as seleções, estádios, mobilidade urbana, turismo, hoteis, violência, dinheiro público, manifestações, política, eleições... tudo junto e misturado. 
As exigências serão bem maiores, como já estão sendo há mais de dois anos.
Na Copa aumenta a tiragem dos jornais?
Não aumenta a tiragem, mas aumenta a receita com anúncios de ocasião, como dizem no mercado publicitário. São anunciantes que não estão acostumados a investir na mídia impressa e na Copa aproveitam para divulgar suas marcas e produtos. Do ponto de vista comercial, é bom para o jornal.
Em grandes eventos tem o famoso patrocínio master, empresas que compram cotas da cobertura. É uma receita que o jornal tem de quatro em quatro anos. 
Mas do outro lado, os jornais são obrigados a aumentar o número de páginas e, por tabela, a cota de papel que não custa barato.
Como você vê o futuro dos jornais impressos no Brasil? O que fazer neste mundo digitalizado para sobreviver?
O que vai acontecer com os impressos no Brasil é o mesmo que vai se passar no cenário internacional: vida longa. Pode não parecer, mas as pessoas gostam de ler. Aqui, acho que poderiam ser revistas algumas prioridades.

Um exemplo seria mudar o formato dos jornalões, passar para o berlinder (El País, The Guardian...) que são menores, gastam menos papel, são mais fáceis de manusear. Seria mais fácil ler para quem está no carro parado no trânsito, nos metrôs, ônibus, nos bares, restaurantes. 
Bom lembrar que os jornais brasileiros ainda não atendem essa nova classe C que passou a consumir produtos que nunca fizeram parte de seu dia a dia e hoje já tem interesse em consumir notícias. Ainda não se pensou em um modelo de jornal para atender a esse público.
Quanto ao mundo digitalizado, notícia é notícia seja lá em que veículo ela for publicada.
No seu ponto de vista, que peso a Copa do Mundo tem para a eleição presidencial? Uma derrota seria pesada demais para o PT? E a vitória garantiria a reeleição? O eleitor brasileiro é assim tão limitado?
Sinceramente, peso restrito. O eleitor, na hora de votar, não leva em consideração os feitos do Brasil nos campos de futebol. 
O que está em jogo é a certeza que ele eleitor tem do seu futuro. Se com o PT a sua vida vai melhorar, se ele vai ter acesso a bens que ele ainda não tem, se ele vai ter segurança de que não vai perder nenhuma de suas conquistas dos últimos 12 anos de governo do PT. 
Agora, uma vitoria na Copa ajuda, e muito, a melhorar a autoestima de cada um e pode até ajudar na eleição, mas não vejo como decisivo para a Dilma vencer.
As manifestações contra a Copa são legítimas? Vê algum interesse partidário nas depredações?

Toda manifestação é legítima. Vivemos em um país democrático, com suas instituições preservadas e, até prova em contrário, todos têm o direito de se manifestar. O que preocupa são as formas de protestar. Depredar patrimônios público e privado, a meu ver, não é o caminho e acaba até jogando contra quem está protestando. 
Acho também que muitos oportunistas pegam carona nesses protestos contra a Copa, a maioria, tenho certeza está desinformada sobre a dimensão de uma Copa. O evento tem sérios problemas com desapropriações de moradias, obras absurdas e outras mazelas que a mídia não se cansa de mostrar. 
Mas estudos da Fundação Getúlio Vargas, que têm credibilidade, apontam que a Copa vai gerar e já está gerando cerca de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos, Alguns analistas de respeito contestam esses números e apontam que é bem menos. É questão de ponto de vista. Se criou muitos ou poucos empregos, o certo é que empregou e isso já é uma conquista.
Como analisa a postura de Ronaldo, Bebeto e Romário diante da Copa do Mundo?
Normal. O Ronaldo é um cara de visão. Viu na Copa uma oportunidade para expor suas ideias e faturar algum dinheiro. O que tem de errado nisso? A mídia também não fatura com a Copa? O Bebeto é o mais ingênuo, está ali para aparecer e levar algum troco. 
E o Romário acho que exagera da prerrogativa de ser deputado federal. Bate em todo mundo, às vezes sem nenhuma razão. Engraçado que ele critica pra valer a Copa mas já fatura um bom trocado com a propaganda de uma sandália que tem como mote a Copa do Mundo.
Você acredita que os veículos de comunicação do Brasil têm de apoiar, torcer pela Seleção? A isenção não deveria prevalecer?
Não tem de apoiar, nem torcer. Tem de informar, só isso.
A Seleção Brasileira ficará toda à disposição da TV Globo? É justo?
Não tenho essa informação de que a seleção ficará à disposição da Globo. Acho que a Globo vai ter mais privilégios porque é quem tem os direitos de transmissão. Aquela história do pagou levou.
Como você classifica o jornalismo esportivo praticado no Brasil? Qual é o seu modelo ideal? O espanhol? Por que?
Entendo que o nível do jornalismo esportivo caiu nos últimos anos. Há muito de entreterimento e pouca informação. Muitos veículos abusam quando transformam o esporte em um negócio de celebridade, em especial na TV e internet. Me parece que a preocupação é a audiência, aumentar o número de clics nos portais. 
Então, vale tudo. Não condeno, só acho que isso não é jornalismo. Sou de um tempo que a notícia, a informação correta, prevalecia. 
Não era necessário investir em assuntos mundanos, rechear as imagens da TV e portais com mulheres seminuas, falar das namoradas do Cristiano Ronaldo, da celebridade do Neymar. Confundir esporte com entretenimento dá nisso.

E as matérias de relevo acabam perdendo o interesse. Não sei qual o modelo ideal. Sei que no jornalismo esportivo não é diferente de outros que tratam de temas mais árduos e não precisam de apelar para vender. Sensacionalismo pode até vender mais jornal e aumentar a audiência, mas não entro nesse barco.
Muitos jornais questionam o imediatismo e a falta de apuração da Internet. Em compensação, muitos da Internet questionam as notícias dos jornais, muitas vezes 24 horas depois que elas aconteceram. Como você se posiciona?
O grande dilema da internet é a corrida para dar primeiro a notícia. Sinceramente, acho uma bobagem sem fim, uma inutilidade. Quem está na internet não quer ler primeiro, quer ler o que de fato aconteceu ou pode acontecer.

E para atender bem ao internauta é preciso dar a notícia correta, a informação precisa e com detalhes. Essa história de "daqui a pouco mais informações sobre ..." é um desrespeito ao leitor. De que adianta eu ser informado de que, para pegar um assunto da nossa área, o Alan Kardec não é mais jogador do Palmeiras e a informação não vem completa?

O leitor quer saber os motivos que o levaram a deixar o clube, os fatos, detalhes da negociação, as intrigas entre Palmeiras e São Paulo, enfim o cardápio completo e não apenas o tira-gosto para ter o banquete mais tarde. 
Quanto a Internet questionar os jornais com as 24h depois, é fácil de entender: a produção de um jornal demanda tempo. Não dá para imprimir e distribuir um jornal em duas horas. E quem gosta de ler jornal quer também ser informado de tudo, mesmo com um atraso de 24h.

Deixa de dar no jornal por exemplo a ficha técnica de um jogo com as escalações, minutos dos gols, etc.. para você ver o que acontece. 
Não publica a tabela do campeonato para você ver como o leitor vai reagir. Jornal ainda é um patrimônio do leitor, que dá base a ele para defender seus pontos de vista de todos os assuntos.
Esta briga entre Estadão e Folha é enriquecedora para os leitores. Como você a encara? Quais as diferenças da cobertura esportiva dos dois maiores jornais de São Paulo?
Não existe briga entre Estadão e Folha. Existe concorrência, assim como R7, G1. UOL, Terra. E quanto mais concorrentes, melhor. Cada um vai ter de pular o miudinho para não ficar para trás.
Quanto à cobertura esportiva de Estadão e Folha, a nossa procura contemplar tudo do esporte e da Folha tende a ser mais direcionada à política do esporte.
Qual a sua visão da Seleção Brasileira de Felipão? O que ela tem que te anima. E qual sua maior preocupação dentro de campo?
A melhor possível. Entendo que ele poderia rever algumas convocações como a do Jô, Maxwell. Mas, de modo geral, é o que temos de melhor. Me anima o fato da entrega dos jogadores, sem o rancor dos tempos de Dunga em 2010 e a neglicência e pouco caso da seleção de Parreira em 2006. 
Agora a maioria é de jovens jogadores querendo lamber o prato de comida e isso, na maioria das vezes, funciona em uma Copa do Mundo. A maior preocupação é que temos um exército de formiguinhas operárias no time e pouca gente pensando o jogo. 
Mas é um estilo que o Felipão gosta e tem dado resultado com ele no comando.
Nunca um camisa 10 de apenas 22 anos teve tanta pressão nas costas. Como você acredita que Neymar se comportará no Mundial?
A pressão que Neymar tem agora é a mesma que o Ronaldo teve na Copa de 98. Se não me engano, o Fenômeno também tinha 22 anos. A diferença é que ele já havia sido eleito o melhor do mundo e chegou na Copa como o craque do Mundial e jogava em um ambiente hostil a ele. Deu no que deu. 
Com Neymar acho que vai ser diferente. Vai jogar em casa, com a sua gente ao seu lado. Se não tiver nenhum problema físico, pode fazer a diferença.
Como você enxerga a cobertura dos jornais brasileiros em relação a Neymar? E os do Exterior, principalmente os espanhóis, que eu sei que você acompanha...
Normal, nem tanto ao céu nem tanto ao inferno. O cara é diferenciado, já deu inúmeras provas dentro de campo. Acho que até não teve o tratamento que deveria ter quando estava aqui no Brasil.
 Como estamos acostumados a viver à sombra dos grandes craques a vida inteira, acho que não demos a devida importância ao Neymar. 
No Exterior, em especial na Espanha, é diferente. Ele está chegando agora e muita coisa ainda tem para acontecer. Pegou um time em final de um ciclo, o que gera ainda mais desconfiança. Entendo que está tudo dentro da normalidade.
Quais são os grandes adversários? Quais países têm de verdade potencial para tirar a Copa do Mundo do Brasil?
Sem uma ordem de preferência, Argentina, Alemanha e Espanha são os favoritos e, claro, o Brasil. Portugal pode chegar lá, desde que Cristiano Ronaldo jogue o que sabe e tenha boa companhia.

Recentemente você fez uma exclusiva na casa do Pelé. Por que ele foge dos temas mais importantes como racismo, ditadura militar e tantos outros? Há uma expectativa exagerada sobre as opiniões do melhor jogador de todos os tempos?
O Pelé não foge de nada. Responde a tudo o que perguntam. Não encampa nenhuma ideia, seja o que for. Apenas defende seu legado. E não acho que ele deveria ser porta-voz de nada. Ele nunca foi político, nunca defendeu uma causa. 
E vira e mexe é obrigado a falar de todos assuntos, às vezes de coisas que ele não têm a menor ideia como funciona. É um patrimônio do futebol e deveria ser tratado como tal.
Paulo César Caju, que foi colunista do JT, disse que a opinião de Pelé seria fundamental para enfrentar o racismo no futebol. Concorda?
Concordo com o nosso grande amigo Caju, um diferenciado do futebol, um cara com uma cabeça extraordinária. Fico feliz de o ter convidado para ser colunista do JT quando ninguém mais dava bola para sua ideias. Estava abandonado pela imprensa que hoje o cultua com todo respeito que ele merece. Mas acho que o Pelé não seria fundamental para enfrentar o racismo até porque ele, me parece, nunca foi discriminado no futebol.
Qual a falta que o Jornal da Tarde faz no cenário nacional? Principalmente em uma Copa do Mundo no Brasil? Por que ele acabou?
Cosme, esse assunto mexe muito comigo. Prefiro não opinar. Você sabe que sou uma cria do Jornal da Tarde. Tudo o que fiz na carreira, devo ao JT e aos seus jornalistas que me ensinaram e os que estiveram ao meu lado nas últimas duas décadas. Faz muita falta sim. Por que acabou? Foi uma decisão da empresa, não tenho o que falar.
Qual a explicação para a maioria dos grandes clubes estarem quase falidos e a CBF milionária? Você é a favor do projeto que perdoa a dívida dos clubes com a Receita Federal e o INSS?
Simples, péssima administração. A única virtude desses clubes é que são instituições centenárias e até por isso merecem respeito. Se ainda sobrevivem é porque seus dirigentes, para bem e para o mal, tocaram o barco até aqui. Os clubes só existem porque são movidos pela paixão dos torcedores. A CBF está milionária porque os clubes permitem.

Eles são os donos do dinheiro mas entregam de bandeja para a CBF administrar. Ridículo. Quanto ao perdão das dívidas, sou contra. Sou a favor da renegociação e com sérias contrapartidas.
O quanto a TV impede uma mudança profunda no calendário do futebol brasileiro? Qual seria a melhor fórmula na sua visão?
Não sei se a TV impede a mudança do calendário. Acho que faltam boas propostas e um amplo entendimento entre todos os setores, que vão desde os clubes, jogadores, treinadores, dirigentes, pessoal de marketing, profissionais da preparação física, especialistas do mercado financeiro, CBF, federações estaduais, imprensa e um, o maior de todos, o torcedor.
Você tem quase 30 anos de carreira. Por que a relação entre jornalistas e jogadores está tão superficial? Eles viraram celebridades?

Muito em função dos clubes e também da falta de personalidade da maioria dos jogadores. Nos anos de 1990 até por volta de 2006, os jogadores brigavam para ser protagonistas, tinham posições firmes, lutavam por espaço, dentro e fora de campo. 
Quando iam embora para a Europa, se aprimoravam. Hoje, com essa mudança de rumo na mídia esportiva no Brasil valorizando a celebridade, eles ficaram ocos, sem conteúdo, e abriram campo para os assessores de imprensa que, nem sempre, não são bons profissionais
Se a Copa assusta tanto a Fifa, o que você pode falar da Olimpíada? Esse atraso não é vergonhoso?
A Copa não assusta a Fifa nem a Olimpíada mete medo no COI. Ouvi de gente graúda envolvida com a Copa e Olimpíada que era para te mais medo do apetite do COI do que com a Fifa. Você sabe do que estou falando. Acho que o Brasil deu margem para esses profissionais da cartolagem com os absurdos atrasos nas obras. 
Se tivesse tudo a contento, em dia, duvido que Fifa e COI iriam abrir o bico. Bom lembrar que a Copa no Brasil vai ser a mais lucrativa da história da Fifa. Sinceramente, você acha que eles estão preocupados com os atrasos?
Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil foram apontadas como duas grandes vitórias de Lula, do PT. Você acredita que foram mesmo?
Se for para analisar do ponto de vista de oportunidade única para o Brasil se promover e dar um salto em investimentos na infraestrtura, sem dúvida foram grandes vitórias. Agora, se for olhar do ponto de vista da organização e do andamento das obras, a derrota é certa.
Se o Lula fosse palmeirense o Itaquerão existiria? Qual a sensação de saber que um estádio particular de mais de um bilhão foi construído com cerca de 50% de dinheiro público? É justo?
Não acho justo se construir um estádio particular com 50% de dinheiro público, seja qual for o custo. Vejo que foi um oportunidade de momento. O Lula, se fosse palmeirense, talvez a Allianz Parque, o velho novo Palestra Itália, seria o estádio da Copa. 
Bom lembrar que no começo da história ele defendeu o Morumbi antes de aparecer a oportunidade de o Corinthians ter o seu estádio. 
A trama envolveu, além do Lula, Ricardo Teixeira e Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa. O papel de Lula, anota aí, foi convencer a Odebrechet a entrar no consórcio. Depois ele tirou o pé.

Ao que você atribuiu as oito mortes nas construção das arenas? Quais as condições que os operários trabalharam no Brasil?
Não sou especialista em obras e muito menos em acidente de trabalho. Seria intressante pesquisar os índices de mortes em grandes construções no Brasil para ver se as oito mortes estão na média ou fora da curva. 
Se levarmos em conta que cada estádio teve em média 2 mil trabalhadores, chegaremos a um contingente de 24 mil operários para, infelizmente, oito mortes. Deixando a estatística de lado, é triste perder oito trabalhadores em obras de estádios.
Arena Pantanal, Arena Amazônia, Mané Garrincha, Arena das Dunas são assumidos elefantes brancos. Por que esses gastos desmedidos em locais onde o futebol não é desenvolvido? Não há times ou público para arenas tão grandes. Como explicar a existência delas a um jornalista italiano, por exemplo.
Não comungo com a ideia de que são elefantes brancos. Alguém tem de sair em defesa desses estádios por um simples dado: o brasileiro gosta de futebol, seja ele paulista, mineiro, gaúcho, carioca, mato-grossensse, alagoano, amazonense. Aqui se joga e se vê futebol em todos os Estados. 
Por que só o Sudeste e algumas praças do Nordeste podem ter esse privilégio de desfrutar de um bom equipamento para se assistir a um jogo de futebol? Aqui mesmo em São Paulo, se paga uma fortuna para ver um jogo de futebol no Pacaembu, com ridículos banheiros químicos, assentos sujos, acesso difícil, instalações precárias e por aí vai. 
Não é justo um cidadão que gosta de futebol, por exemplo, ter de sentar em cimento duro nas arquibancadas, ser alvo de sacos de urina, serviços de quinta categoria nesses arremedos de estádios, banheiros inundados, depredados, só porque na sua cidade o futebol não tem a pujança do Sudeste e que tais. 
Essas arenas que você citou são importantes para o desenvolvimento do futebol nesses estados e também podem se virar como polos culturais e de consumo, basta ser bem administradas, e sem roubalheira.
Quais os últimos grandes furos do esporte do Estadão?
Difícil ficar enumerando. Um que pouca gente deu crédito foi do portal. Bancando que o Felipão era o novo técnico da seleção no lugar do Mano Menezes. Marin anunciaria a decisão numa quinta-feira em outubro de 2012. 
Demos um dia antes e depois todo mundo saiu atrás querendo ser o pai da criança. Modéstia parte, quem deu a notícia foi este que vos fala. O Jamil Chade também deu furos com histórias da Fifa, Copa, Ricardo Teixeira.

Nossos setoristas de clubes também têm dado furos importantes, em especial no portal. A ordem aqui é dar furo no digital e depois ampliar no jornal. Mas não tenho todos os furos na memória.
Quais as matérias que você mais gostou de fazer na carreira?
Em 30 anos de carreira é difícil lembrar das mais prazerosas. Posso incluir nesse contexto as grandes coberturas das Copas, das quais estivemos juntos no velho JT e Estado. A nossa cobertura das Eliminatóiras da Copa de 94 é, para mim, um marco no jornalismo esportivo que pouca gente deu importância, mas está registrada no meu coração. 
Volto a repetir, é difícil selecionar esta ou aquela matéria. Fico com o conjunto da obra. A cobertura da morte do Senna, da chegada do corpo em São Paulo até o enterro, me marcou muito. Lembro que no enterro, todas as pautas estavam contempladas em cima dos grandes pilotos, do cerimonial, da comoção do povo, dos familiares, autoridades, esportistas... mas ninguém falou com os coveiros, os que cobriram o caixão do Senna com terra e depois cimentaram. 
Acho que fui o único a ouvi-los enquanto tiravam o barro das unhas em uma torneira em um canto do cemitério Morumby após o sepultamento. Peguei o depoimento comovido deles. A matéria saiu pequena na página do JT, mas até hoje me emociona.
Qual a grande notícia que espera publicar no Estadão no final da Copa? E depois?
Brasil campeão, sem nenhuma tragédia nos estádios e a Copa passada a limpo, desde os desmandos com o dinheiro público até a invasão de torcedores estrangeiros. Gostaria muito de ver uma final entre Brasil e Argentina, sem Maracanazo. 
O futebol merece uma final dessa em uma Copa disputada na América do Sul. E, depois da Copa, gostaria de noticiar que o futebol brasileiro, enfim, entrou nos trilhos dentro e fora dos campos. Não vai ser fácil, mas repórteres também vivem de sonhos...

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