Trata-se de um homem que aprendi a admirar desde pequeno, quando perdia horas a frente da TV.
Pela sua programação infantil, principalmente a qualidade de seus desenhos animados, gostava muito mais do SBT que de qualquer outro canal.
E foi vendo o SBT que descobri uma figura emblemática.
Um homem de terno, muito sorridente, que carregava um microfone preso ao peito.
Como sempre fui de me atentar aos detalhes da TV, fiquei intrigado com a magía daquele homem.
Ele se divertia fazendo aquelas gincanas, esbanjando simpatia e charme para se comunicar.
Todas as pessoas que estavam ao seu redor, o seu público, "suas companheiras de trabalho", pareciam reverencia-lo como um Deus !
Eu era um garoto, mas percebi que aquela pessoa se tratava de alguém diferente, uma energia diferente, alguém abençoado, com um fantástico talento para fazer aquilo que fazia.
Se passaram alguns anos, e eu acabei indo trabalhar com comunicação.
Ser um "profissional" dessa área só me fez admirar ainda mais esse homem.
Sua dicção perfeita, seu "time" para interagir com a platéia, sua habilidade com as palavras, tudo fantástico !!
Hoje completando 80 anos de uma vida de sucesso, tenho a certeza que se trata de um imortal na história da comunicação desse país.
Agradeço a Deus por ter me dado a chance de ver em ação o grande e único SÍLVIO SANTOS, o MAIOR e MELHOR COMUNICADOR de TODOS OS TEMPOS !!
Em homenagem a SÍLVIO SANTOS transcrevo aqui um texto que outro grande talento Milton Neves, colocou em seu Blog a poucos dias:
“Sílvio Santos, o maior herói brasileiro
Para “Veja” o Capitão Nascimento Wagner Moura é o primeiro herói brasileiro.
Uma bela escolha premiando o exemplo, a realidade e o talento, assim como seria José Alencar, pela raça, amor, transparência, correção, simpatia e luta pela vida.
Ou então Lula, um milagroso brasileiro que nasceu com a nuca virada para a lua.
Mas meu herói brasileiro é Silvio Santos. E Pelé não vale.
Em 80 anos esse homem tem muito ou um pouquinho a ver com todos nós, quase 200 milhões de brasileiros.
Só o vi uma vez na vida. Em 2003.
Cada um mais feio do que o outro. Estávamos de toca plástica pintando os cabelos no Jassa ou “fazendo luzes”, como bichisticamente diz o cabeleireiro Mauro Beting, dono do salão de beleza “Fifahair” de Itaquera.
Naquele dia ele me disse que o “Roleta Russa” que eu estrearia na Rede Record como apresentador de programa de Variedades seria um sucesso.
E foi mesmo. Um ano no ar, 57 exibições, três delas em primeiro lugar no Ibope da emissora com até 11 pontos de média.
Agradeci e disse a ele que eu era um pretensioso “Silvio Santos do futebol e dos pobres”.
Ele sorriu, gargalhou do alto então de seus 73 anos e aparentando, ao natural sem maquiagem, uns 85.
Hoje, depois do 11 de setembro de 2001 que foi o último 11 de novembro de 2010 de sua vida financeira, não deve estar sorrindo apesar de sua clássica, oportuna, transparente, lúcida e cativante entrevista que deu à Folha nesta sexta-feira.
O prejuízo “que ganhou” de seus maus companheiros de trabalho no mercado financeiro foi arrasador para este homem do sorriso mais famoso “deste país”, lulamente falando.
Mas, ele, de pronto, e sem o famigerado PROER ( Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional), colocou tudo que ganhou em 80 anos à disposição do tal “Fundo Garantidor de Crédito”, hoje seu sócio e talvez até patrão.
E o incrível. Pela primeira vez quando de um escândalo ou rombo financeiro tipo Nacional, Banco Santos, Boi Gordo, Econômico, Excel, Comind ou Bamerindus, a população ficou consternada, triste e não com ódio do banqueiro.
Um banqueiro ausente nesse território financeiro de homens frios e cruéis que não perdoam nem a marca e a história de um patrão tão especial.
Banco não é auditório de TV onde só alegria impera.
Piadas como a que “o Banco Panamericano quebrou porque o Ronaldo sentou em cima dele” estão correndo por toda a parte.
Foi assim também quando das mortes de Senna e de vovô Tancredo.
Mas, creiam, nós tivemos neste triste episódio financeiro que coloca Silvio Santos de joelhos, só uma mínima noção do que este homem representa.
Quando ele morrer – e talvez eu não esteja aqui para testemunhar – o Brasil parará como jamais parou.
Será uma inédita consternação popular.
Uma comoção nacional jamais vista e maior do que as que marcaram as despedidas de Kennedy, Senna, Tancredo e do Aiatolá Khomeini… juntas!
Mas este primeiro e maior herói nacional do Brasil é absolutamente imortal. Ainda bem.”
MILTON NEVES